Padroeira de Lages: devoção e lenda popular
A santa faz parte da vida e da cultura do povo lageano

Nossa Senhora dos Prazeres é um antigo título de Nossa Senhora que se refere às alegrias da Virgem Maria. Essa devoção surgiu em Portugal por volta de 1590, logo que uma imagem da Virgem apareceu em cima de uma fonte de água na cidade de Alcântara.
Logo após o aparecimento da imagem, curas milagrosas aconteceram na vida de pessoas que iam beber água na fonte, fazendo com que vários peregrinos a buscassem. Por causa de grande movimento, os donos das terras onde ficava a fonte decidiram levar a imagem para dentro de sua casa. No entanto, ela desapareceu da casa e foi encontrada novamente em outra fonte por uma menina.
Ela disse que viu a imagem, se aproximou e, então, a própria Virgem Maria se manifestou e pediu que a menina levasse um recado para o povo dizendo:
Nossa Senhora pede para que seja construída uma igreja no local da fonte e que lá ela seja invocada como Nossa Senhora dos Prazeres.
Visto que a convicção da menina ao relatar o fato foi tão grande que o povo acreditou e construiu a igreja. Pouco tempo depois, surpreendentemente, o local se transformou num destino de peregrinações onde muitas curas foram alcançadas.
As Alegrias de Nossa Senhora
Nossa Senhora dos Prazeres é também conhecida como Nossa Senhora das Sete Alegrias.
- 1ª Alegria – Anunciação
- 2ª Alegria – Saudação de Isabel
- 3ª Alegria – Nascimento de Jesus
- 4ª Alegria – Visitação dos Reis Magos
- 5ª Alegria – Encontro com Jesus no Templo aos 12 anos
- 6ª Alegria – Aparição de Jesus Ressuscitado
- 7ª Alegria – Coroação de Maria no céu
A padroeira de Lages
A história conta que em 1766, quando sul do país ainda era um território em sua grande parte habitado apenas por povos indígenas e poucos fazendeiros, nascia a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens, fundada pelo Capitão Antônio Correa Pinto de Macedo, o qual era muito devoto da santa que deu origem ao nome. Atualmente nossa cidade de Lages.
Através do tempo, pela forte representatividade da santa no meio da população, lendas começaram a fazer parte do folclore regional, sendo a mais conhecida a “Lenda da Serpente do Tanque”.
Lenda popular
A lenda conta há muitos anos atrás, uma mulher grávida negou-se a identificar o pai do filho. Forçada pela pressão social, que não aceitava mães solteiras, abortou. Em seguida jogou o feto nas águas do grande lago usado pelas lavadeiras. De forma sobrenatural, a criança se transformou em uma gigante serpente que se projeta, metaforicamente, no rio Carahá. Para evitar que destruísse toda a vila, Nossa Senhora dos Prazeres teria colocado seus pés sobre a cabeça da serpente. Para evitar que o animal não se solte, a imagem centenária de Maria presente da Catedral jamais poderia sair do altar, senão a cidade sofreria uma catástrofe terrível.
Este final por estar relacionado às três profecias do monge João Maria, personagem importante da cultura popular da cidade, que dizia que “chegaria um tempo com muito pasto e poucos animais”, decretou que o destino do lugarejo estava ligado a algumas condições: 1) preservar a cruz de madeira que ele ergueu em cima do morro da Cacimba, fonte d’água onde saciou a sede; 2) manter a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres no altar da Igreja Matriz (elevada à categoria de Catedral Diocesana em 1927), onde impede que a serpente do Tanque se liberte; 3) evitar que as ruas do vilarejo sejam pintadas de preto.
Neste dia 15 de agosto celebramos esse título, além da Assunção de Maria.
Foto: Pe. Marcos/ divulgação